
Entre os profissionais na área pet temos 3 segmentos principais: estética, adestramento e médica.
Comparar essas 3 profissões só por que todos trabalham com cães e gatos é a mesma coisa que comparar um cabeleireiro, um médico e um professor. Trabalhamos com animais domésticos, porém cada um é responsável por uma parte do animal.
Esteticistas têm a responsabilidade de cuidar da higiene e da estética do animal – trabalham, basicamente, apenas com os pelos. Por ter mais contato com os animais do que um veterinário, é determinante que esse profissional saiba distinguir um animal saudável de um que está doente e indicar um veterinário para tratar caso aja algum problema.
O adestrador trabalha com a parte de educação e treino do animal, seja com métodos de psicologia canina ou técnicas tradicionais. Ele condiciona o animal e ensina o dono a dar continuidade ao seu serviço. Em suma, ele é responsável em trabalhar a cabeça tanto do animal, quanto do dono.
Já o veterinário cuida de toda parte interna e externa do animal. Pode não conhecer os tipos de tosa mais adequadas para uma raça específica, mas ele permite para que os pelos sejam saudáveis. Ele estuda quase 8 anos para assumir a responsabilidade de cuidar da vida de um bichinho.
Esses três profissionais trabalhando juntos é o ideal para um trabalho com qualidade.
É um ciclo. Cães adestrados geralmente dão menos trabalho em uma consulta e no banho e tosa. Por outro lado, cuidar de um animal limpo é muito mais fácil e agradável… Por fim,um animal saudável é essencial para trabalhos de adestramento ou embelezamento.
Clínicas com banho e tosa dão mais segurança para o cliente, quando é necessário usar produtos medicinais para usar no banho. Esse cliente sabe que o tosador vai usá-los corretamente, respeitando o modo de aplicar e o tempo de ação.
Desde o inicio da Escola Pet, trabalhamos sempre em conjunto com um veterinário. Quando fui convidada a escrever esse artigo, meu veterinário se interessou bastante e deu sua opinião em relação ao assunto.
“Na realidade são atividades complementares na função do “pet care”: tosadores estão em contato com os animais com uma frequência muito maior que o Médico Veterinário – a cada 15 dias em média. Então é mais fácil para quem está lidando dia a dia com o animal perceber qualquer alteração no animal e encaminhar para um atendimento”, diz o Dr. Walter Figueira, médico veterinário há 20 anos, proprietário da clínica e hotel Cãotinho do Kaka e docente da palestra “Ocorrências Veterinárias”.
Ele completa: “Um tosador nunca vai negar informação, a partir do momento que não cabe a ele diagnóstico e prescrição. Mas identificar um problema de pele ou de ouvido, ou qualquer outro não necessita de diagnostico, e sim de estar atento e observar o que é normal e o que é anormal. Eu já tive várias situações destas, inclusive um animal que ao escovar o dente foi observado um aumento na gengiva – era um tumor maligno de mucosa. Se estivermos falando de pulga e parasitas, acho que aí sim cabe ao tosador indicar um produto endectocida, como qualquer loja faz. Mas dizer ao proprietário que o animal está com um problema de pele não é a mesma coisa que diagnosticar um caso de “sindrome de Cushing” por exemplo. Dizer que ele está com otite, por outro lado, não deve ser seguido de auto medicação (por mais que saibamos que os produtos otológicos são de amplo espectro); somente identificar uma coceira dificilmente vai chegar na causa, e por ai vai. As coisas não devem ser misturadas, mas sim agregadas. Querer que seu animal seja consultado por um tosador é o mesmo que dizer que vai se consultar com o veterinário e fazer uma tosa da raça.”
Trabalho com o Dr Walter há muitos anos e nossa parceria é um sucesso pelo respeito que temos na área um do outro.
Acho que bons profissionais que querem entender de tudo devem estudar e se capacitar em tudo. O “achismo” não é saudável e denigre a imagem da profissão.
Autora: Natalye Marinho, tosadora e proprietária da Escola Pet.
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