Você que é dono de um cãozinho já deve ter dito alguma vez: “juro, só falta falar!”. Para nós, eles são mesmo especiais, né?
Mas existem inúmeros textos na internet que fazem rankings de inteligência, por raça. Será que é assim mesmo?
Inteligência dos cães
Em 1994, Stanley Coren, especialista em comportamento animal da Universidade de Colúmbia Britânica, no Canadá, publicou o livro “A inteligência dos cães”, que classificava 110 raças de cachorros. O ranking foi desenvolvido com base no grau de facilidade ou dificuldade para aprender e repetir comandos.
A partir daí, a ideia de que existem raças mais inteligentes que outras foi popularizada.
Nesse ranking de inteligência canina, o Border Collie estaria em primeiro lugar, seguido pelo Poodle, Pastor Alemão, Golden Retriever e Doberman. Em último estariam o Buldogue, o Basenji e o Galgo.
Entretanto, novos estudos de cognição canina começaram a questionar essa ideia de que ser facilmente “treinável” tenha realmente a ver com inteligência, já que isso é somente uma das muitas habilidades do cão.
Novas pesquisas
Para os cientistas, inteligência é uma noção complexa, que, em geral, costuma ser definida como “um conjunto de habilidades que caracteriza um indivíduo e o ajuda a tomar as melhores decisões”.
De acordo com novos estudos, desenvolvidos em centros de pesquisas na Europa e nos Estados Unidos, não existem “raças mais inteligentes” – cada cão tem um complexo perfil de inteligência, composto de diversas outras habilidades, além do treinamento: memória, atenção, capacidade de tomar decisões ou solucionar problemas.
“Os cães ocuparam um lugar central na cognição comparativa moderna, em parte devido à sua relação específica passada e presente com os humanos. Ao longo dos anos, obtivemos insights sobre o funcionamento da mente do cão, o que nos ajudou a entender como as habilidades de resolução de problemas dos cães diferem das presentes em espécies relacionadas, como o lobo. Também estão surgindo novas metodologias que permitem o estudo de mecanismos neurais e genéticos que controlam as funções mentais. Ao fornecer uma visão geral de uma perspectiva etológica, precisamos de uma maior integração do campo e uma melhor compreensão do comportamento natural do cão como uma maneira de gerar hipóteses científicas” (“Current Trends in Canine Problem-Solving and Cognition”, 2016, Ádám Miklósi/Enikõ Kubinyi)
Em 2016, um estudo específico publicado pela APS (Association for Psychological Science) faz uma análise das mais recentes descobertas sobre o assunto. E a conclusão – pasmem! -, foi que os pesquisadores perceberam que cães que têm altas notas na maior parte das capacidades cognitivas são os que mais dão trabalho aos seus donos. Eles são inquietos, não obedecem e podem se entediar com facilidade.
Exatamente o oposto ao resultado do estudo de 1994…
Conclusão
A internet é uma boa fonte de informações. Mas há ainda muita coisa circulando pela net que mistifica o que não é verdade. A tecnologia evolui, os estudos se tornam mais sofisticados e resultados, antes considerados reais, podem ser modificados.
Os cães ganharam um papel fundamental nas famílias nos últimos anos e muitas pessoas consideram o animal de estimação como um membro da família.
Então, se você tem (ou não) um cãozinho considerado “inteligente” segundo essas listas que estão por aí… simplesmente ignore.
Aliás, para quem ama seu pet de verdade, isso faz alguma diferença?
Não, né?